domingo, 22 de março de 2009

A escada e a espiral - Capítulo 16: ruínas de Copán e traslado aéreo e terrestre Nicarágua, Honduras e Guatemala



Não ficamos muito tempo no aeroporto da capital de El Salvador, país que também possuía ruínas maias (Tuxmal, La Campana de San Andrés e Joya de Cerén), tinha na sua história o fato de ter sido domínio olmeca (Santa Ana, Ahuachapan, El Limón e Cara Sucia) e de ter abrigado a civilização Pipil e fôra agraciado com densas florestas, impressionantes vulcões e belas praias, mas que não entrou em nosso roteiro por causa do sem-número de exigências burocráticas para que se o pudesse visitar, já que se tratava de um país cheio de conflitos internos, nos quais havia a intervenção direta dos Estados Unidos, que, temerosos da possibilidade de uma vitória das forças de esquerda, não deixaram de financiar a repressão política zelosamente levada a cabo pela extrema-direita, cujo partido, curiosamente, tal como o do governo instalado no Brasil pelo Movimento Militar de 1964, era chamado ARENA.

Chegando a San Pedro Sula, tentamos obter informações a respeito de casas de câmbio, inexistentes no Aeroporto.

Adquirimos um folheto com informações turísticas detalhadas e trocamos 100 dólares com um cambista.

Pegamos um táxi até o terminal de ônibus Etumi, que fazia a viagem a Copán Ruinas.

Ali, hospedamo-nos no Hotel Paty, que cobrava 13 dólares pelo casal, com direito a banho privado, água quente e mosquiteiro.

Como estava muito quente, como ocorre, aliás, em toda a Mosquítia, saímos de bermudas quando fomos procurar um lugar para comer.

Os mosquitos fizeram a festa.

Encontramos o Llama del Bosque.

Scheila pediu spaghetti à bolonhesa, eu pedi arroz com mariscos.

Achei boa a comida, com a ressalva única do exagero na pimenta, que os hondurenhos, como, aliás, todos os hispano-americanos, juram que é alimento e não tempero.

No dia seguinte, ao tomarmos café no El sesteo, travamos conhecimento com duas simpáticas senhoras sexagenárias naturais de Zaragoça, Espanha, que vinham da Cidade da Guatemala por uma empresa turística e também iam visitar as ruínas de Copan, onde os europeus aprenderam a gostar de chocolate, segundo anedotas que ouvi quando criança.

A entrada custava 10 dólares para estrangeiros que não fossem centro-americanos.

No topo da cerca, viam-se belas e barulhentas araras canindé, que no Popol Vuh são tratadas como deuses.

Entramos na Praça Principal.

As estátuas dos governantes eram imensas, imponentes, com as mãos em posição semelhante à assumida pelas mãos do iogue na posição de lótus.

Vimos sobre uma das maiores pirâmides a escada hieroglífica que o Rei 18 Coelho, uma espécie de Júlio César dentre os maias, mandou construir para celebrar os seus feitos.

Seria, efetivamente, o maior livro do mundo - até fiz uma brincadeira com a Scheila, perguntando como é que ela o catalogaria - se as picaretas dos arqueólogos não o tivessem danificado de tal sorte que os glifos, por ocasião da restauração, foram colocados onde encaixava o pedaço de pedra, sem qualquer possibilidade de se saber qual era o seu lugar originário.

Passamos ainda por Rosalila, a pirâmide sob a qual descobriram mais quatro enterradas.

Não nos foi possível entrar, pois ainda estavam se realizando as escavações.

Segundo nos informaram, havia em Copan nada menos que 7 km de túneis subterrâneos.

Encontramos também o edifício que, segundo a tradição maia preservada no Popol Vuh, seria a porta de entrada de Xibalba, o reino dos mortos, cujos senhores foram vencidos pelos gêmeos Junajpu e Xbalanque.

Visitamos ainda o Museu Arqueológico de Copan Ruinas, onde fotografamos uma representação gráfica do Calendário Maia.

As simpáticas aragonesas ofereceram-nos uma carona para passarmos a fronteira com a Guatemala para irmos a Quiriguá, o que aceitamos prontamente, já que do lado hondurenho teríamos de pegar uma pick-up, viajando atrás, em uma estrada de terra.

Na fronteira terrestre de Honduras com a Guatemala repetia-se um fenômeno que somente víramos na fronteira terrestre da Bolívia com o Peru: pagamento tanto na saída de Honduras como na entrada na Guatemala.

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