Acordados à hora pedida, fomos a pé ao terminal da Sirca.
Viajamos em um ônibus que, com algum favor, seria dos tempos da II Grande Guerra.
Paramos uma hora no posto fronteiriço da Costa Rica e duas horas no posto fronteiriço da Nicarágua.
Estátuas das Ilhas de Zapatera e Ometepe - Convento e Igreja de San Francisco - Granada/Nicarágua
O nível de vida no vizinho do sul, que não tem, desde 1949, um exército regular, embora seja um dos países mais seguros da América Central, seguindo o exemplo suíço, faz com que muitos nicaragüenses tentem emigrar, muitas vezes por meios sub-reptícios.
No lado nicaragüense, fez o motorista as vezes de despachante, recolhendo todos os passaportes.
Tínhamos todos que passar pela revista de bagagens.
Milhares de pessoas ofereciam-se para carregá-las e tal era a insistência e de tal forma atravancavam o caminho que tinham de ser afastadas a safanões.
Notamos que a natureza fora pródiga com a terra de Ruben Darío que tanto sofrera sob a ditadura dos Somoza até o dia em que os Estados Unidos deixaram de apoiá-lo em virtude do assassinato do jornalista Bill Stewart por um soldado das tropas governistas em 1977.
Garças e gralhas revoavam de um lado a outro, pontilhando o céu acima do Lago de Nicarágua, onde se situava a Ilha de Zapatera, que pretendíamos visitar por causa das ruínas de uma civilização que ali vivera no século VIII d. C.
Apesar da indescritível beleza, havia um dado curioso a desencorajar mergulhos: na sua fauna contavam-se tubarões de água doce.
Descemos em Granada e seguimos a pé até o Hotel Alhambra, que, segundo o guia, era o mais barateiro.
Fomos a pé porque vimos que os táxis, em Granada, tinham complexo de lotação, com o que o fato de estarem ocupados não era suficiente para garantir a exclusividade do passageiro.
Descobrimos que o hotel em questão cobrava 34 dólares a diária para o casal e não aceitava traveller's checks.
Saímos, então, em busca do Hotel Granada.
No caminho, havia ainda algumas pousadas, sendo que a melhorzinha delas - Hospedaje Cabrera, que cobrava 8 dólares pela habitação matrimonial com banho privado - estava lotada.
Chegamos, então, ao Hotel Granada, onde, por 27 dólares, conseguimos um quarto amplo e claro, com banho privado, água quente e ar condicionado.
Na lancheria El Anela, em frente ao hotel, comemos um sanduíche de tomate, queijo e verduras e tomamos, cada um, dois sucos de tangerina, que lá é denominada mandarina.
Fazia um tremendo calor na cidade e a profusão de incômodos dípteros mostrava quão justa fôra sua inclusão na denominada Mosquítia.
No dia seguinte, foi a posse do Presidente Adolfo Alemán, sucessor do Governo de Direita de D. Violeta Chamorro.
Em razão disto, estavam fechados todos os bancos, sem a possibilidade de trocarmos traveller's checks.
Fomos acordados pelos sinos da igreja que se situava em frente ao hotel.
Seguimos ao Centro Turístico de Granada em busca de Porto Asese, de onde sairiam os barcos para Zapatera.
Fomos costeando o Lago, onde poéticas garças brancas e azuis, airões e negros cormorões se regalavam em um nada poético escoadouro de detritos.
Aves-frias guinchavam dentro e fora do Centro Turístico.
Vacas e bezerros pastavam apascentados por cães bravos.
Manadas de cavalos.
Fomos abordados por um ciclista que disse que nos levaria a Zapatera por 113 dólares.
Recusamos.
Fomos ao Convento e Igreja de San Francisco, onde viveu e pregou Frei Bartolomé de las Casas, o piedoso eclesiástico que combateu a cruel rapacidade dos espanhóis por ocasião da conquista da América, não por respeito às crenças dos índios (isto seria exigir demais para a época), mas por entender serem estes dóceis a toda boa doutrina, algo semelhante à comparação da mente deles a um papel em branco feita pelo jesuíta português Manoel da Nóbrega.
O nível de vida no vizinho do sul, que não tem, desde 1949, um exército regular, embora seja um dos países mais seguros da América Central, seguindo o exemplo suíço, faz com que muitos nicaragüenses tentem emigrar, muitas vezes por meios sub-reptícios.
No lado nicaragüense, fez o motorista as vezes de despachante, recolhendo todos os passaportes.
Tínhamos todos que passar pela revista de bagagens.
Milhares de pessoas ofereciam-se para carregá-las e tal era a insistência e de tal forma atravancavam o caminho que tinham de ser afastadas a safanões.
Notamos que a natureza fora pródiga com a terra de Ruben Darío que tanto sofrera sob a ditadura dos Somoza até o dia em que os Estados Unidos deixaram de apoiá-lo em virtude do assassinato do jornalista Bill Stewart por um soldado das tropas governistas em 1977.
Garças e gralhas revoavam de um lado a outro, pontilhando o céu acima do Lago de Nicarágua, onde se situava a Ilha de Zapatera, que pretendíamos visitar por causa das ruínas de uma civilização que ali vivera no século VIII d. C.
Apesar da indescritível beleza, havia um dado curioso a desencorajar mergulhos: na sua fauna contavam-se tubarões de água doce.
Descemos em Granada e seguimos a pé até o Hotel Alhambra, que, segundo o guia, era o mais barateiro.
Fomos a pé porque vimos que os táxis, em Granada, tinham complexo de lotação, com o que o fato de estarem ocupados não era suficiente para garantir a exclusividade do passageiro.
Descobrimos que o hotel em questão cobrava 34 dólares a diária para o casal e não aceitava traveller's checks.
Saímos, então, em busca do Hotel Granada.
No caminho, havia ainda algumas pousadas, sendo que a melhorzinha delas - Hospedaje Cabrera, que cobrava 8 dólares pela habitação matrimonial com banho privado - estava lotada.
Chegamos, então, ao Hotel Granada, onde, por 27 dólares, conseguimos um quarto amplo e claro, com banho privado, água quente e ar condicionado.
Na lancheria El Anela, em frente ao hotel, comemos um sanduíche de tomate, queijo e verduras e tomamos, cada um, dois sucos de tangerina, que lá é denominada mandarina.
Fazia um tremendo calor na cidade e a profusão de incômodos dípteros mostrava quão justa fôra sua inclusão na denominada Mosquítia.
No dia seguinte, foi a posse do Presidente Adolfo Alemán, sucessor do Governo de Direita de D. Violeta Chamorro.
Em razão disto, estavam fechados todos os bancos, sem a possibilidade de trocarmos traveller's checks.
Fomos acordados pelos sinos da igreja que se situava em frente ao hotel.
Seguimos ao Centro Turístico de Granada em busca de Porto Asese, de onde sairiam os barcos para Zapatera.
Fomos costeando o Lago, onde poéticas garças brancas e azuis, airões e negros cormorões se regalavam em um nada poético escoadouro de detritos.
Aves-frias guinchavam dentro e fora do Centro Turístico.
Vacas e bezerros pastavam apascentados por cães bravos.
Manadas de cavalos.
Fomos abordados por um ciclista que disse que nos levaria a Zapatera por 113 dólares.
Recusamos.
Fomos ao Convento e Igreja de San Francisco, onde viveu e pregou Frei Bartolomé de las Casas, o piedoso eclesiástico que combateu a cruel rapacidade dos espanhóis por ocasião da conquista da América, não por respeito às crenças dos índios (isto seria exigir demais para a época), mas por entender serem estes dóceis a toda boa doutrina, algo semelhante à comparação da mente deles a um papel em branco feita pelo jesuíta português Manoel da Nóbrega.
Indiscutíveis os seus méritos na denúncia e aberto combate à destruição física dos índios - no que, aliás, deu mostras de grande coragem, sobretudo por viver no próprio teatro onde o drama se desenrolava -, sua condição de eclesiástico não lhe permitiu, contudo, ir ao mesmo ponto a que chegou o pensador francês, que viveu no mesmo século, Michel de Montaigne, no sentido de defender a preservação da cultura dos ameríndios.
De qualquer forma, a observação feita por Las Casas quanto à ausência de moral dos colonizadores para exprobarem aos índios os sacrifícios humanos não era despida de procedência: os europeus também os faziam com gosto à sua "mui amada deusa Cobiça", como se lê na Breve relación de la destrucción de las Indias.
Mas o Convento não resumia sua importância em ter sido residência do eclesiástico.
Ali, achavam-se 15 estátuas de pedra vulcânica colhidas na Ilha de Zapatera, muitas com petroglifos, antropomorfas e zoomorfas, algumas fazendo remissão ao motivo da escada com a espiral.
Como em San Agustín, muitas destas figuras estavam associadas a motivos ofidioformes, assentando sobre seus ombros, suas costas ou sua cabeça.
Notamos também que o brinquedo do Volador, tão popular entre os mexicanos se fazia presente entre os povos que habitaram a Nicarágua.
Informaram-nos que havia outro atracadouro próximo ao hotel chamado El Muelle de onde talvez pudéssemos pegar um barco para Zapatera.
Lá chegando, fomos informados que dali não saíam barcos para Zapatera, somente para San Carlos.
Tomamos depois um táxi para ir a Porto Asese, que não conseguíramos acessar pela manhã devido à distância, e confirmamos o fato de que realmente a viagem somente teria um preço razoável se houvesse, no mínimo, 10 passageiros.
No meio do lago, enquanto se travava este frustrante diálogo, via-se imponente o vulcão da Ilha Ometepe.
Fomos tentar reservar passagens para San Pedro Sula, em Honduras.
Não queríamos ir por terra por uma razão de segurança: sabíamos que havia minas explosivas espalhadas por todo o país que pretendíamos visitar, desde que os Estados Unidos resolveram, apesar de várias manifestações contrárias da população local, treinar ali os Contras para combater o governo sandinista da Nicarágua.
Além disto, fôra tremendamente extenuante a passagem pela fronteira terrestre entre a Costa Rica e a Nicarágua, do lado nicaragüense, e queríamos guardar nossas forças para as fases ulteriores da viagem.
Em uma agência de turismo, a única aberta em Granada, ficamos sabendo que somente uma empresa ligava pelo ar Manágua a San Pedro Sula: a TACA, cujo vôo saía às 7h45.
Fechadas as agências de viagem em Manágua, teríamos de contar com a sorte de conseguir, no dia seguinte, vôo na última hora, o que seria difícil devido ao grande número de pessoas que viera para a posse do Presidente.
O gerente do hotel conseguiu um táxi que nos pegaria às 4h da manhã e nos conduziria ao Aeroporto de Manágua.
Acordados e levados ao aeroporto à hora prometida, descobrimos também a COSTEÑA fazia vôos de Manágua a San Pedro Sula.
Postos em sala de espera da TACA, fomos informados pelo pessoal, que mereceu grau dez pelo atendimento, de que as agências no interior do Aeroporto funcionaram normalmente no dia da posse do Presidente.
Uma das pessoas que ali trabalhavam ficou muito feliz em poder treinar conosco um pouco de português.
Conseguimos sair da Nicarágua em vôo da AVIATECA, que pousaria em San Salvador, onde pegaríamos o avião da TACA para San Pedro Sula.
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