segunda-feira, 23 de março de 2009

México Festivo e Arqueológico (texto de Scheila F. Versiani)


Estávamos em dezembro de 1995, eu teria um recesso no tribunal de 17 dias (final de dezembro e início de janeiro), não consegui tirar férias em janeiro mas o Ricardo tinha um mês de férias. Tivemos que reduzir nossa viagem de 30 para 17 dias, pretendíamos conhecer as principais ruínas arqueológicas do México, mas devido a redução de dias disponíveis tivemos que cortar algumas ruínas que tinham um acesso mais difícil ou demorado, entre elas El Tajin e Bonampak. Iríamos começar pela cidade do México e descer até Cancún onde pegaríamos um vôo no dia 9 de janeiro à noite de volta para o Brasil. Tinha um grande sonho: conhecer a pirâmide do Sol, a maior pirâmide da América.

Apesar de reservarmos com mais de 3 meses de antecedência e de havermos pago já há um mês, deu uma confusão com as nossas passagens e só fomos recebê-las no dia do embarque pela manhã depois de ficarmos cerca de 2 horas na agência de turismo pedindo que nos devolvessem o dinheiro.

Saímos de Brasília numa sexta-feira à noite dia 22/12 e aterrissamos na Ciudad del México no dia 23/12, sábado, pela manhã. O tempo estava bom.

Em um setor de informações turísticas do aeroporto da Cidade do México nos informaram sobre um hotel localizado na Zona Rosa (área turística e segura) a um bom preço U$ 25,00 o quarto do casal com banho privativo. Os hotéis nesta zona estavam em média entre U$50,00 e U$150,00.

Ainda no Sábado, depois de instalados, fomos na parte da tarde conhecer o Museu de Antropologia. Com uma coleção que cobre toda a área arqueológica do México, ficamos em torno de umas quatro horas no museu, mas pelo tamanho do acervo poderíamos passar dias visitando. Por não podermos tirar fotos com flash e após uma tentativa e de quase ter minha máquina fotográfica apreendida por um segurança, perdi um filme inteiro de fotos sem flash.

Depois do museu voltamos para Zona Rosa, ficamos passeando e lanchamos.

Na manhã seguinte, Domingo, fomos a Teotihuacan. Havia alguns pacotes turísticos saindo do hotel e cobravam cerca de U$25,00 por pessoa. Resolvemos ir por nossa conta. Próximo ao hotel tinha uma estação de metrô, com um peso (cerca de 70 centavos do dólar) cruzamos a cidade e fomos parar no Terminal Norte, de onde saíam todos os ônibus que iam para o Norte do México. Compramos uma passagem que sairia dentro de 15 minutos para uma cidadezinha onde ficavam as ruínas de Teotihuacan, a viagem demorou cerca de 1h e 30 min e o ônibus nos deixou na entrada das ruínas. Quando íamos comprar os ingressos um guarda nos informou que aos domingos e feriados a entrada era franca. Mais tarde descobrimos que isto valia para todo o México como um estímulo para que as famílias fizessem passeios nos dias de folga. Aproveitamos bastante esta possibilidade pois estávamos em plena época de festas de fim de ano.

Quando entramos pegamos uma trilha que nos levou a um conjunto de templos onde se destacava a pirâmide da Lua. Era a primeira vez na minha vida que via pirâmides de verdade! Pirâmides que ninguém tinha dúvidas em caracterizar como tais. Estava realizando um sonho: conhecer aquela cidade sagrada em que tanto ouvira falar e sobre a qual já tinha lido muitos relatos.

Subimos na pirâmide da Lua. Era altíssima. Antes de subirmos, as pessoas pareciam formiguinhas escalando seus degraus. Em algumas partes os degraus eram muito altos e estreitos, tivemos que subir literalmente de quatro. Ricardo entrou em estado de choque: não olhava para trás e nem para baixo. Ele tem um problema sério com locais altos, mas enfrentou com bastante coragem o seu medo de altura.

De lá de cima avistamos toda a cidade. Era de uma beleza incrível. Lá estava, ladeada por pequenas pirâmides , a Calle de los Muertos, onde era praticado o ritual do jogo de pelota, à esquerda da Avenida estava a Pirâmide do Sol, a maior da América, e vista pelo melhor ângulo que se podia vê-la. Ao fundo, à esquerda estava um conjunto de templos: a Ciudadela , onde se destacava a pirâmide de Quetzalcoatl (deus da Serpente Emplumada).

Depois de descermos a pirâmide, com alguma dificuldade por parte do Ricardo, pois não conseguia olhar para baixo, tivemos que descer de costas; fomos caminhando pela Avenida da Morte até a pirâmide do Sol, lá subimos novamente, mas, apesar de ser mais alta que a anterior, os degraus eram mais baixos, portanto mais fáceis de subir e o baque da primeira escalada já havia passado, Ricardo já se sentia mais fortalecido, subiu e desceu bem esta pirâmide. Eu estava realizando mais um sonho: subir aquela pirâmide.

Depois de descermos fomos á Ciudadela, conhecemos a pirâmide de Quetzalcoatl, fomos a algumas lojinhas em frente e almoçamos em um restaurante de frente para as ruínas. Assim que saíamos estava passando um ônibus que voltava para a cidade do México.

Quando chegamos, pegamos o metrô e fomos até o centro histórico, caminhamos um pouco por lá e tiramos algumas fotos. Quando o sol estava se pondo, pegamos um táxi e voltamos para o hotel. Descansamos um pouco e depois saímos para um lanche ali mesmo na Zona Rosa, voltamos para o hotel e fomos dormir, na rua víamos algumas comemorações, era noite de 24 para 25 de dezembro, noite de Natal.

No dia de Natal resolvemos fazer um passeio romântico: fomos passear em uns barquinhos enfeitados no bairro de Xochimilco, este bairro pode ser comparado a uma Veneza, onde o meio de transporte é o barco. Pegamos o metrô próximo ao hotel e fomos até o último ponto ao sul da cidade, de lá , pagamos mais um peso, e pegamos o trem ligeiro até Xochimilco. A cidade estava cheia de policiais, uma vez que, como nos explicou um guarda, a época das festas de Natal e Ano Novo era muito propícia a rebeliões.

Da estação do trem fomos caminhamos até a saída dos barcos, lá, com mais um outro casal que estava no trem conosco, fechamos um barco que nos levou para passear pelos canais entre as chinampas (ilhas flutuantes artificiais) onde se encontram casas residenciais, comércio, áreas de lazer etc., área que antigamente era lago e que agora são áreas habitadas. Havia dezenas, talvez centenas, de barcos: alguns passeavam como nós, outros vendiam doces, salgados, outros flores, outros tinham orquestra com música, outros tinham restaurantes, todos enfeitados, cada um mais colorido que o outro. O passeio era realmente belíssimo e romântico. Foi um lindo dia de Natal que passamos.

Quando Cortez chegou a Tenochtitlan, capital do império Asteca, onde atualmente se situa a Cidade do México, escreveu que a região era um grande pântano onde os homens tinham construído estas ilhas flutuantes e se moviam por barco pelos canais entre as ilhas artificiais (Chinampas).

No dia 26/12 fomos a Tula, também fomos por nossa conta, as excursões cobravam cerca de U$ 40,00 a U$50,00 por pessoa e gastamos os dois juntos cerca de U$17,00. Pegamos o metrô até o Terminal Norte e de lá pegamos um ônibus até Tula, a viagem demorou cerca de 2 horas e meia, no terminal de ônibus de Tula pegamos um ônibus circular que nos deixou na entrada da zona arqueológica, mas tínhamos que caminhar mais dois quilômetros até a entrada do museu e das ruínas. O único inconveniente é que estava chovendo e ficamos ensopados.

A parte mais importante era uma praça onde havia uma pirâmide em cujo topo estavam os Atlantes, (esculturas que lembram cariátides) e na base frontal estão colunas baixas, cuja vista era idêntica ao templo dos guerreiros em Chichen Itza (esta cidade está na região maia na península de Yucatán), há também um Chac – Mool (uma escultura de um guerreiro deitado, ofertando alguma coisa numa tigela apoiada em sua barriga): em Tula ele está em baixo na frente da pirâmide, tem cor escura e foi decapitado, e em Chichen Itza ele está em cima, tem cor clara e a cabeça dele está bem no lugar. Observamos que os atlantes tinham expressões faciais diferentes, embora a indumentária não variasse, sugerindo, mesmo, que fossem guerreiros uniformizados.

Ao voltarmos para a cidade do México fomos ao centro e fizemos um tour pelas livrarias, com livros baratíssimos, mas como estávamos em início de viagem e teríamos que cruzar do centro ao sul do México em estilo mochileiro, optamos por não comprar livros pois fariam volume e peso na bagagem. Antes de voltarmos para a Zona Rosa fomos à estação de metrô do centro histórico para tirarmos uma foto da maquete da antiga Tenochtitlan encontrada por Cortez. Ao lado da catedral do México, vê-se o topo de uma das construções de Tenochtitlan e algumas estátuas. Algumas estações de metrô da Cidade do México são verdadeiras galerias de arte.

No dia 27/12 arrumamos nossa bagagem, desocupamos o hotel e nos dirigimos para o Terminal Leste, onde pegaríamos um ônibus para Oaxaca, capital de Oaxaca, onde iríamos conhecer Monte Albán, Mitla e Yagul. Só conseguimos comprar passagem para parte da tarde e tivemos que ficar no terminal cerca de 2 a 3 horas, chegamos em Oaxaca à noite. Do terminal de ônibus ligamos para alguns hotéis (tínhamos um guia do México que compráramos ainda no Brasil), estavam todos lotados pela época de festas, em um deles tinha vaga, pegamos um táxi e fomos para lá, chegando lá nos informaram que estava lotado, depois de caminharmos carregando bagagem cerca de uns duzentos metros apinhados de gente em plena festa de fim de ano e ainda por cima não nos deixaram usar o telefone para procurar um outro hotel. Eu fiquei em pé no saguão e Ricardo saiu para procurar um orelhão, depois de perder várias fichas pois os telefones próximos estavam todos quebrados sem falar no som de alto falante das barraquinhas de festa. Ricardo achou um orelhão que funcionava e descobriu um hotel que havia uma vaga – Las Rosas -. A sorte é que era próximo de onde estávamos, o Zocalo, a parte central da cidade onde estavam os principais hotéis, restaurantes e festividades. Carregamos nossas bagagens por mais uns três quarteirões apinhados de gente cerca de 11 da noite: não preciso nem mencionar o estado de humor que estávamos. O quarto era péssimo, mas o pessoal excelente e o hotel bem bonito e bem localizado.

Dormimos e, no dia seguinte (28/12), saímos para conhecer a cidade e tomarmos o nosso desayuno em um dos cafés com suas cadeiras na calçada situados no Zocalo. A cidade era realmente linda e as pessoas maravilhosas, logo apaziguamos o nosso ânimo da noite anterior. A parte pior da viagem era sempre quando estávamos nos deslocando de uma cidade para outra e estávamos com a bagagem procurando hotel, mas depois de instalados tudo se tornava mais fácil. Ricardo ainda aproveitou para fazer algumas compras de livros, dentre eles o Popol Vuh, controladas as nossas disponibilidades financeiras e o peso da bagagem.

Depois do café, fomos a um hotel de onde se comprava o ingresso do transporte para Monte Alban, ficava cerca de 5 km de Oaxaca em cima de uma colina. Compramos para as duas da tarde.

Monte Albán impressionava pela disposição urbanística da cidade, seu estilo era Zapoteca. A parte principal se compunha de uma grande praça, com cerca de 500 metros de profundidade por uns 200 de largura, com todas as pirâmides voltadas para ela, dentre elas estava o Templo dos Dançantes. Também havia estádio de Jogo de Pelota, mas não estava nesta praça. Lá de cima se podia observar a Sierra Madre.

À noite, assistimos uma apresentação musical no Zocalo.

No dia 29 pela manhã, depois de tomarmos café no Zocalo, fomos ao terminal de ônibus de segunda classe para irmos à Mitla. Chegando lá atravessamos toda a cidade subindo uma ladeira e chegamos ao museu da entrada das ruínas, ao lado destas estava uma catedral construída por pedras retiradas das construções zapotecas. Nelas encontramos vários pátios cercados por muralhas e de subterrâneos que continham túmulos. O grande destaque de Mitla são as faixas gregas que compõem as muralhas das ruínas.

Ao voltarmos no ônibus para Oaxaca, no meio do caminho ele parou para descer vários turistas. Perguntamos o que tinha por ali que não sabíamos e nos informaram que depois de subirmos uma ladeira de 2 km encontraríamos Yagul. Aproveitamos e descemos, a subida íngreme foi compensada pela beleza do local. As ruínas se encontravam em plena Sierra Madre a vista era realmente belíssima. Haviam várias pirâmides, túmulos subterrâneos e estádio de jogo de pelota.

Ao retornarmos à cidade nos dirigimos ao Terminal de ônibus de primeira classe para comprarmos nossa passagem para Palenque. Só havia para o dia seguinte as 5 horas da tarde. No dia seguinte 30/12 acordamos tarde e ficamos passeando pela cidade até chegar a hora de sairmos. Aproveitei para comer uma pizza à lenha deliciosa um pouco antes de sairmos. Porém tanto eu como o Ricardo colocamos tudo para fora enquanto fazíamos a travessia noturna da Sierra Madre. Depois que conseguimos acalmar nosso estômago e dormir, durante a noite fomos acordados por uns guardas armados de escopeta e pedindo nossos passaportes, na entrada da região de Chiapas. Depois ficamos sabendo que estava havendo uma rebelião naquela área. A nossa sorte é que havia mais uns 10 a 12 turistas no mesmo ônibus e não nos sentimos sozinhos: todos foram acordados e seus passaportes devidamente consultados.

Ao chegarmos em Palenque 31/12 compramos nossa passagem de ônibus para mesma noite, pois nos restava pouco tempo e tínhamos muito o que conhecer do México, procuramos um hotel ao lado da rodoviária para tomarmos um banho e deixarmos nossa bagagem enquanto íamos às ruínas. Na cidade tinha microônibus que fazia o transporte para as ruínas.

Palenque me impressionou muito: as pirâmides aparecendo no meio da selva, era uma cidade bastante diferente de todas as outras que tinha visto. O estilo maia estava começando. As pirâmides eram todas decoradas com baixos e altos relevos, em cima e no interior das pirâmides haviam inscrições. Palenque é famosa por ter sido lá encontrado o primeiro túmulo no interior de uma pirâmide, conhecida como Templo das Inscrições. O palácio tem uma torre que lembra uma construção chinesa, todo o palácio é de uma arquitetura incrível. Depois de vasculharmos toda a cidade por horas a fio, nos deitamos a sombra de uma árvore e ficamos a admirar a beleza das ruínas.

Ao voltarmos à cidade jantamos em um restaurante, fomos ao hotel onde deixamos nossas bagagens e depois para rodoviária esperarmos a hora do ônibus sair. Havia dois horários de ônibus noturno, o que saía às 7 chegava em Mérida às 4 da manhã e o que saía às 8 chegava às 5. Escolhemos o segundo pois esperaríamos clarear e sair para procurar hotel.

Passamos o Reveillon no ônibus no dia seguinte ficamos em torno de 1 hora procurando hotel. Achamos um bom, bem localizado e com um ótimo preço. Depois de instalados e de banho tomado voltamos à rodoviária para pegarmos um ônibus que nos levaria a Chichen Itza, a viagem demorou cerca de 2 horas. Chegamos lá em torno das 11 da manhã e saímos em torno das 4 da tarde.

Chichen foi a cidade que mais impressionou o Ricardo. O que ele mais queria era subir ao Templo dos Guerreiros. Mas estava proibido. Tivemos que nos contentar em ficar admirando de baixo, não pudemos tirar nossa foto com o Chac-Mool. Subimos no Castillo, de onde avistamos todas as ruínas. Fomos ao Cenote sagrado escavado por Thompson, por onde as virgens eram lançadas. Visitamos o estádio de Jogo de Pelota, o observatório El Caracol e as outras ruínas que íamos alcançando através das trilhas por entre as árvores. Ricardo ficou injuriado com uma brasileira que, a pretexto de tirar uma foto, se deitou sobre um dos entalhes de uma das laterais das escadarias de uma das construções de Chichen.

Enquanto esperávamos o ônibus que nos levaria a Mérida reencontramos um casal de suíços que havíamos conhecido em Mitla e eles nos informaram de um passeio que fazia a rota Puuc e que saía da rodoviária da cidade de Mérida. Assim que chegamos na rodoviária já compramos o nosso pacote para o dia seguinte. Fomos passear pela cidade e jantamos.

No dia 2/01 fomos conhecer várias ruínas em estilo Puuc, uma próxima a outra.: Uxmal (com a pirâmide do adivinho, o palácio do governador, o grupo de ruínas Las monjas e uma pirâmide altíssima de onde se avistava toda a cidade); Edzna, Kabah; Sayil (com um enorme palácio); Labná (onde se destaca o famoso arco pintado por Catherwood).

No dia 3/01 ficamos passeando pela cidade, fomos à universidade de Yucatã, ao Museu, fotografamos o Teatro.

Às 10 da noite, resolvemos pegar um ônibus que saía às 12 e que iria até Playa del Carmen, depois nos arrependermos amargamente de ter pego aquele pinga-pinga e de não ter aproveitado uma noite bem dormida em um hotel que já estava pago.

Chegamos no dia 4/01 em Playa del Carmen por volta das 6 da manhã. Do terminal de ônibus fomos andando pelo calçadão e perguntando nos diversos hotéis se tinha vaga, no fim do calçadão encontramos vaga, os preços estavam bem mais altos do que todos os hotéis que já tínhamos ficado. Playa del Carmen fica a uns 30 min de ônibus de Cancún, achávamos que os preços estavam mais altos por causa disso. O hotel mais caro que havíamos pago era de U$ 25,00 na cidade do México. Lá em Playa del Carmen, o melhor preço que encontramos com banho privativo e ducha quente foi de U$ 40,00. Mais tarde, quando fomos a Cancún, pagamos U$ 25,00 em um hotel super bem localizado no centro, com piscina, café da manhã, quartos bem decorados e melhor que o da Cidade do México inclusive no atendimento. Optamos por ir a Playa del Carmen antes de Cancún pela proximidade com Tulum, Xcaret (5 km) e Cozumel. Esta última, era só atravessar no Ferry, o mesmo pelo qual atravessavam os turistas que vinham de Cancún para conhecer Cozumel. Playa del Carmen era caminho para todos estes passeios que os turistas que estão hospedados em Cancún fazem, com exceção de Chichen Itza, que optamos por conhecer de Mérida (2h), ao invés de Cancún (4h).

Assim que nos instalamos colocamos nossa roupa de banho e fomos á praia a um quarteirão do hotel. Passamos o dia caminhando pela praia e descobrindo locais mais desertos para nos banharmos.

No dia 5/01, pela manhã, pegamos um ônibus e descemos na entrada do Xcaret, lá havia um ônibus do parque que nos levou até a bilheteria. Chegando lá nos informaram que para brincar com os golfinhos, além de pagarmos cada um U$ 25,00 dólares na entrada, ainda tínhamos que pagar mais U$ 50,00, mesmo assim o Ricardo disse que queria ir. Mas o pessoal disse, e chegamos antes de abrir o parque, que os ingressos para brincar com os golfinhos eram em um total de 30 e já tinham sido todos vendidos para aquelas pessoas que estavam na porta esperando. Eu contei o número de pessoas e só tinha 17. Teríamos a opção de desfrutar o parque, que segundo informações de pessoas que tinham visitado e fotografias que havíamos visto, era belíssimo, um verdadeiro paraíso tropical. Decidimos então voltar outro dia para tentar os ingressos dos golfinhos e conhecer o parque.

Como ainda não eram 9 da manhã (o parque abria às 9), voltamos para Playa del Carmen, pegamos o ferry e fomos conhecer Cozumel. Foram as águas mais cristalinas que já vi. Informaram-nos que, mais cristalinas que aquelas, só na grande barreira de corais da Austrália. Ficamos passeando pela ilha e voltamos ao por do sol, tirei fotos muito lindas.

No dia seguinte 6/01 passamos o dia em Playa del Carmen, alugamos uma bicicleta e fiquei algumas horas correndo atrás e segurando o banquinho para ensinar o Ricardo a andar. De tardezinha, quando ele já estava andando sozinho, levou um tombo e esfolou o joelho, fomos a uma farmácia e compramos medicamentos. À noite sempre passeávamos pelo calçadão repleto de restaurantes, bares, lanchonetes, lojas etc., havia um grupo de mariachis com equipamento eletrônico e que tocava em um ponto fixo, eles tocavam em um ritmo que alegrava o calçadão. De dia já era legal passear pelo calçadão, mas à noite tinha aquele som contagiante, e era ainda mais divertido. Às vezes jantávamos em algum dos restaurantes do calçadão, às vezes íamos a um na praia que tinha um formato de um grande quiosque e muito aconchegante. Lá o Ricardo comeu a lagosta caribenha, um abacaxi partido ao meio e recheado de lagostas. Diz ele que foi a melhor lagosta que já comeu em sua vida. E pagou apenas U$10,00 por esta maravilha. Detalhe: era o prato mais caro servido pelo restaurante.

No dia 7/01 pegamos um taxi e chegamos no Xcaret as 7 h da manhã, fomos os primeiros a chegar e o parque só abriria as 9 h, fizemos de propósito para garantir o ingresso do Ricardo para que ele pudesse brincar com os golfinhos. Quando a bilheteria abriu (em torno de 8h) e fomos comprar os ingressos nos disseram que o ingresso dos golfinhos era vendido em um guichê interno próximo aos golfinhos (não nos tinham avisado isto naquele dia em que já tínhamos ido) e que somente quando o parque abrisse (as 9 h) é que teríamos que correr com um mapa do parque e os primeiros 30 que chegassem nos golfinhos é que poderiam comprar os ingressos. Dois dias antes havíamos estado lá e nos tinham dado outra informação, penso que eles já deviam ter vendido os ingressos para alguma agência, disseram que não podíamos comprar porque já tinham sido vendidos para algumas pessoas que estavam junto conosco esperando o parque abrir, naquele dia se tivessem nos falado que o Ricardo teria que correr por trilhas disputando com mais não sei quantas pessoas a oportunidade de comprar o ingressos para brincar com os golfinhos, com certeza ele tentaria, mas naquele dia, depois de esperarmos duas horas para o parque abrir ele, com o joelho esfolado e mancando, possivelmente não conseguiria chegar a tempo. Penso que havia outros interesses econômicos por parte das pessoas que vendiam ingressos e que não pude perceber. Ficamos injuriados e achamos um desaforo, depois de tudo isto, termos que pagar U$ 50,00 (cinqüenta dólares) para entrarmos no parque e depois tentar comprar um ingresso que custava US 50,00 para cada um com a possibilidade de não conseguirmos comprar este último e o Ricardo em vez de brincar com os golfinhos ficaria a ver navios depois de já termos gastado o dinheiro da entrada. Fomos embora da porta, nem compramos o ingresso. Poderíamos ter dormido até mais tarde e ficado sem essa. Porque não tomaram esta atitude para conosco na primeira vez que havíamos estado lá? E na primeira vez havíamos chegado também antes do parque abrir.

Fomos para a rodovia e de lá pegamos um ônibus (que passava no máximo a cada 15 min) em direção a Tulum. Fomos conhecer as famosas ruínas em frente ao mar, depois que já tínhamos passeado por toda a cidade começou a chover, resolvemos então voltar para a rodovia e pegarmos um ônibus para voltar. Ricardo chamou a atenção para um iguana que pôs a cara para fora das pedras onde residia e, depois, entre curioso e assustado com aquele tanto de gente, ficou ali, com o corpo inteiro, exceto a cabeça, dentro da toca. Mas no meio do caminho a chuva se tornou uma tempestade e que fechou o tempo na região até o dia seguinte. Quando passamos em frente a entrada do Xcaret agradecemos, pois não tinham passado nem 3 horas e a chuva não parava mais. Com certeza, iríamos jogar pela janela no mínimo US 50,00. Quando chegamos em Playa del Carmen, soubemos que o ônibus em que estávamos iria até Cancún. Resolvemos então seguir e conhecer a famosa cidade, pois iríamos nos informar sobre os hotéis. Já havíamos conhecido todos os pontos do nosso roteiro.

Chegando em Cancún, almoçamos em um MacDonald's do centro próximo ao terminal rodoviário. Ali chegamos a assistir a uma festa de crianças onde se ia quebrar a Piñata, uma figura de papelão recheada de doces. Vimos alguns preços de hotéis, fizemos reserva para o dia seguinte e depois fomos para a zona hoteleira onde estão as melhores praias, restaurantes e shoppings. O tempo não estava bom, ventava muito. Ficamos passeando e à noite voltamos para Playa del Carmen. Fechamos nossa conta e arrumamos nossa bagagem, pois sairíamos no outro dia bem cedo.

No dia 8/01, bem cedo já chegamos em Cancún, assim que nos instalamos já saímos para praia, mas o tempo ainda não estava bom, queríamos ir a Isla Mujeres, mas como estava ameaçando chuva ficamos ali pela zona hoteleira, na parte da tarde pegamos um ônibus mas ao invés de pararmos no centro resolvemos circular pela cidade, foi aí que passamos a conhecer as favelas e buracos de Cancún, que até aquele momento achávamos que não existia. Quando retornamos ao centro, ficamos passeando pelas lojas de artesanato, os preços ali estavam bem melhores que na zona hoteleira.

No dia 9/01, teríamos que pegar o vôo á noite para retornarmos ao Brasil. Ficamos com medo de ir à Isla Mujeres e acontecer algum imprevisto impedindo a nossa volta. O tempo já tinha melhorado bastante, estava só um pouco nublado, mas ainda ventava muito. Ficamos nas praias da zona hoteleira, ao meio dia voltamos para o hotel, desocupamos o quarto as 2 h e deixamos nossa bagagem guardada no hotel. Ficamos passeando pelas lojas no centro até umas 5 h quando pegamos um táxi e fomos para o Aeroporto. No dia 10 pela manhã chegamos ao Brasil e à tarde eu já estava trabalhando, Ricardo ainda tinha mais umas duas semanas que ele usou na elaboração da sua tese que foi depositada 4 meses depois.
QUADRO: "Arco de Labná" de Scheila Versiani - Óleo sobre tela 40x50 cm dez. 2002 .

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