domingo, 22 de março de 2009

A escada e a espiral - Capítulo 7: Quito e Otavalo

No dia seguinte, após o desayuno, seguimos a 6 de diciembre até a Roca, onde, finalmente, encontramos a Corte responsável pelos sucessos do Pacto Andino, nos mesmos moldes que o Tribunal de Justiça da Comunidade Européia.

Chegamos ao Museu Arqueológico, que estaria aberto até as 11h e onde as fotos eram proibidas.

Vimos ali as cerâmicas, as múmias, os trabalhos em ouro feitos pelas culturas que desde a pré-história habitaram o pequeno e rico país.

A Cultura La Tolita, por exemplo, somente usava como vestimenta os adornos de ouro.

Nas cerâmicas, muitos sinais que, de alguma forma, poderiam bem passar por ideogramas, contra a idéia geralmente difundida quanto à inexistência de escrita na América do Sul.

Tivemos um incidente na rodoviária: o voucher que compráramos não nos dispensava do ônus de providenciar as passagens, apenas atestava que as tínhamos pago.

Haveríamos, então, de fazer baldeações e baldeações.

Fomos, então, obrigados a adquirir na empresa Imbabura as passagens para Tulcán e lá teríamos de procurar o escritório da Panamericana.

Tais foram as informações que conseguimos à custa da cordialidade do atendente da outra empresa e de alguns gritos, pelo telefone, com o pessoal da Panamericana, que nos vendera o voucher.

Pegamos, a seguir, o ônibus para Otavalo, onde conheceríamos o famoso mercado índio.

Descobrimos, no prédio do Hostal de los Andes, uma construção caindo aos pedaços, o Museu de Arqueologia do Sr. César Vasquez Fuller, um afável ancião, veterano de escavações.

Proibidas as fotos, encontravam-se ali verdadeiras preciosidades.

Os vasos indicavam, por meio das cenas neles grafadas, as respectivas finalidades.

O vaso para coca, por exemplo, tinha a reprodução de um cidadão com uma das bochechas infladas, a indicar a mascação.

Em pratos e vasos antropomorfizados, representavam-se explicitamente tanto a swastika como a sowastika, as famosas cruzes gamadas.

Mas como seria isto possível, se tais símbolos eram provenientes do Velho Mundo?

Será que houve algum contacto com este através do Pacífico?

Um colar de jade chinês servia como um forte indício de que a resposta seria afirmativa.

Os antigos habitantes do Equador gostavam de fazer maquetes.

Via-se a representação de uma mulher parindo sob uma pirâmide, por se crer, dentre as populações pré-colombianas, que a pirâmide canalizava energias.

Mas isto não seria uma crença oriunda do Oriente Médio?

Índios meditando.

Maquetes de observatórios e saunas.

Saunas?

Parece que não eram só os romanos e os turcos que acreditavam nas virtudes terapêuticas do suadouro.

Segundo o proprietário do Museu, nada na arte de qualquer das antigas culturas que viveram no Equador, como nos dramas líricos wagnerianos, era gratuito.

A escada, que víramos em tantos monumentos, tanto no México como no Peru, simbolizaria um movimento de ascenção, e a espiral que a seu lado estivesse representaria o espírito.

A escada ao lado da espiral seria, pois, o símbolo da evolução espiritual.

À saída do Museu, vimos um Calendário andino encontrado na região de Manta, em forma circular, num esquema semelhante ao apresentado no trabalho de Scheila.

Fomos ao mercado de ponchos atrás de uma reprodução.

Vimos muitos ponchos, tapetes e malhas belíssimos, mas nenhum reproduzia o Calendário na disposição que víramos no Museu.

O retorno, de táxi, ao hostal a partir do terminal em Quito Colonial foi algo acidentado, em virtude de as pessoas fantasiadas de Años Viejos saírem às ruas dançando e pedindo dinheiro.

As máscaras, muitas vezes, caricaturavam pessoas famosas, principalmente políticos locais.

Chegando ao hostal, pedimos um crepe de verduras para mim e um crepe de queijo e tomate para Scheila.

Um irlandês que ali estava hospedado narrou-nos uma interessantíssima viagem em canoa feita de Iquitos, no Peru, a Manaus.

À época, a viagem mais segura através do Rio Amazonas de Manaus a Belém custava 1.200 dólares.

Soubemos que no dia seguinte haveria uma comemoração do novo ano, o que nos poderia criar um embaraço para nossa viagem para Popayán, programada para o dia 2 às 7h.

Por esta razão, decidimos, lamentando embora, mudar para o Hotel 9 de octubre no dia 1º pela manhã.

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