domingo, 22 de março de 2009

A escada e a espiral - Capítulo 18: Guatemala - ruínas de Tikal



No dia seguinte, saímos à procura de um hotel.

Escolhemos o Hotel Santana, 25 dólares para o casal, quarto em frente ao Lago Petén Itzá, mais longe da festa, com sacada, banho privado, água quente, extremamente confortável.

Tomamos depois o micro-ônibus que passava em todos os hotéis para conduzir os turistas a Tikal.

Tikal era uma grande cidade que foi coberta em grande extensão pela selva.

Assim, juntamente com o Parque Arqueológico, o sítio abrigava uma reserva ecológica.

Logo após seguirmos em direção à entrada da cidade, um coiote cruzou a estrada vestibular.

Na Grande Praça, inúmeras estelas e lápides entre os Templos I e II.



Fomos ao Templo IV por uma estrada povoada por quetzais e pica-paus.

À base do Templo IV, um buliçoso quati, ali denominado pizote.

Iniciamos a subida: escadas de madeira, pedras, raízes de árvore, escadas de madeira, até que chegamos à escadaria do Templo.

Dali se viam os edifícios lutando por se sobressaírem às árvores, confronto natureza-cultura, diria um racionalista.

Dali se ouviam os rugidos de um grande felino, que poderia ser uma onça pintada, um puma ou então, não um felino, mas um macaco que os imitava, todos três habitantes da reserva ecológica de Tikal.

As ruínas se estendiam por uma área de 8 km.

Havia ainda lugares que estavam sendo objeto de escavação.

Outros, ainda, eram interditados aos seres humanos, certamente por estarem reservados aos ursos, ocelotes, pintadas e pumas.

A sinalização era verdadeiramente falha.

Muitas construções não eram identificadas por placas, muitas encruzilhadas sem qualquer indicativo que esclarecesse quanto ao caminho que estava sendo percorrido.

Voltamos à Grande Praça e nos deitamos no gramado, que convidava ao descanso.

Ali havia um quati, mais velho que o do Templo IV e menos arisco, que fez travessuras encantadoras, enquanto vasculhava o gramado à procura de alimento.

Apoiou-se com ambas as patinhas dianteiras numa garrafa de água sem a derrubar, pulou sobre a raiz de uma ceiba onde se encontrava um senhor descansando, recusou alimento que lhe ofereciam, preferindo cavar o gramado, posava para fotos e deixava-se afagar.

Ao regressarmos, compramos passagens de avião para o dia seguinte.

Estávamos cansados demais para visitarmos Uaxactun e Ceibal, ruínas menores, cujo acesso seria muito penoso pela demora e pelo grande número de acidentes geográficos.

Quando voltamos ao hotel, havia na rua um grupo folclórico dançando ao som de um xilofone tocado por três marimbeiros.

No dia seguinte, nosso projeto de aproveitarmos todo o prazer de contemplar o ir e vir dos barcos sobre as águas cristalinas do Lago Petén Itza foi perturbado por trabalhadores que resolveram, bem sob a nossa sacada, com o vento soprando contra nós, queimar o lixo da obra em que estavam trabalhando.

Resolvemos, então, sair após o café a conhecer Flores, uma cidade pequena, com cinco ruas cortadas por três, todas pavimentadas com bloquetes, como em São Lourenço, no sul de Minas Gerais.

Ligada a Santa Elena por uma pequena faixa de terra não pavimentada.

Ambas as cidades foram construídas sobre as ruínas de antigas cidades maias, bem de acordo com a tradição espanhola na América.

Por ocasião do almoço, resolvi descobrir que sabor teria a carne de veado, tão apreciada pelos príncipes europeus.

Pareceu-me semelhante ao da carne de porco, embora menos gordurosa que esta.

No Aeroporto de Flores, travamos conhecimento com uma brasileira cujo cunhado trabalhava para a Hoechst da Guatemala.

Informou-nos que a capital do país era um local extremamente perigoso, que seria preferível buscarmos um hotel que se situasse em Zona de número igual ou superior a 9 e, quando precisássemos tomar algum táxi, o amarelo era melhor tanto em termos de segurança como em termos de preço.

Fomos tomar o avião da TIKAL JETS.

Tivemos de nos deter no meio do caminho, pois prestes a decolar estava o da AVIATECA.

Aguardamos no meio da pista a decolagem, um vento fortíssimo soprava, empurrando-nos para trás de tal sorte que parecia que íamos levantar vôo.

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